Como transformar Tecnologia da Informação e Comunicação em Tecnologia da Aprendizagem e Convivência?
O uso de Tecnologias, por si só, não representa uma mudança pedagógica significativa, quando usadas apenas como suporte tecnológico para ilustrar uma aula. É necessário que elas sejam um mecanismo de mediação da aprendizagem. Temos que admitir que há uma defasagem na mudança da escola em seus cenários educativos.
Reconhece-se que é necessária a democratização do acesso às novas tecnologias, já que estas estão configuradas numa sociedade da informação. No entanto, a diferença entre informação e conhecimento deve ser colocada em pauta, já que não é o excesso da informação que garantirá a aprendizagem. Para que ocorra um salto qualitativo no uso da Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) para seu uso como Tecnologia da Aprendizagem e Convivência (TACs) , é preciso que educando e educador exerçam o papel ativo de criadores do conhecimento, a partir das informações já existentes.
Há certo receio observado em discussões no cotidiano escolar, indicando que o surgimento de tecnologias poderia promover um desaparecimento do professor, o que é um equívoco. Apesar do papel do professor ser diferente no uso das TACs, este agente continua sendo crucial como um importante parceiro e mediador da aprendizagem dos alunos. O que transforma o processo de ensino-aprendizagem é o professor e não um programa eletrônico.
Segundo LIBÂNEO (2007), o exercício profissional do professor compreende, pelo menos, três atribuições: a docência; a atuação na organização e na gestão da escola; e a produção do conhecimento pedagógico. Neste sentido, a inovação não está restrita ao uso das novas tecnologias, mas à forma com que o professor se apropria do recurso. Que ele busque a produção e não a simples reprodução do conhecimento. O papel do professor é ajudar a interpretar as informações e contextualiza-las.
Ao transformar as TICs em TACs é preciso, também, uma mudança de postura do professor e uma busca por metodologias baseadas na Pedagogia da Problematização, promovendo desafios e metodologias ativas que conduzam ao interesse do educando. É preciso uma maior flexibilidade quanto à definição dos conteúdos propostos e às estratégias metodológicas utilizadas. Reportando-nos ao estudioso Gardner; o pioneiro nos estudos das inteligências múltiplas, compreendemos que na sala de aula encontramos pessoas diferentes e que apresentam inteligências e habilidades diversas. O professor precisa ser sensível a tais diferenças dos seus alunos. A autoavaliação do professor é outro ponto a ser enfatizado; é preciso repensar se o que está sendo ensinado é aprendido, se realmente oferece um impacto na vida do educando de forma duradora e significativa. Podemos refletir sobre a fala do mestre Rubens Alves, “... o professor tem que fazer o aluno a pensar, o objetivo da educação não é ensinar coisas... coisas já estão na internet...é ensinar a pensar”. Eis o nosso desafio!